Poem #CuraDaTerra

Power Colours Memories Identity Fighting


….Memórias
Pinturas
……..Lutas
Caminhos
…….Identidades
……Forças
…..Cores
…….Histórias

“Quem somos? Somos mulheres que faz da luta melodia.
Somos as que retomamos a terra roubada, as que insistem na festa
sem se esquecer que permanecemos em guerra”

Vamos nos ajuntar ecoar, em um só grito,
Território é nosso útero
Nosso corpo nosso espírito.

A terra (território) é mãe
É identidade é cultura,
Quem tem território tem
Lugar para onde voltar
Tem colo e tem cura.

Somos mulheres colorida
Somos um arco íris de cores,
Lutamos e dizemos não a violência
pra manter nossos valores.

Os valores que eu falo,
Vem de força ancestral,
Fazemos nossos debates
Respeitando a organização social.

Mulheres estudantes
E também da militância
Já dizia nossos líderes
Diga o povo que avança.

Somos mulheres Indígenas
Estamos no centro oeste, no sul e no sudeste,
Ainda tem as arretadas que vem
Do Norte, do leste e do Nordeste.

Mulheres indígenas, negras
Mulheres tradicionais,
O que inspira nossa luta
São as forças ancestrais.

Somos mulheres do cerrado, da Amazônia
Das veredas, caatinga e pantanal
Mulheres camponesas ou pescadora artesanal.

Tem mulheres parteiras benzedeiras, tem indígenas politizadas
Fazemos o enfrentamento ainda que não sejamos belas e recatadas.
Não somos recatadas

Muitas vezes não somos e nem estamos no lar
Nós temos um pé no chão da aldeia
E o outro do lado de cá.

Tentaram tirar nossas pinturas do rosto,
Nossas terras não nos deram mais,
Nos chamaram de preguiçosos e ainda de incapaz.

Porém não desanimamos, aí que lutamos mais.
Mais de 1500 anos se passaram
Continuamos a resistir,
Mesmo tentando pintar Brasil de cinza
Resistimos pra colorir.

Pois não se consegue desbotar
pele e almas coloridas,
Assim como não consegue apagar
Nossas histórias já vividas.

Em tempos tão sombrios
Precisamos alimentar de mais arte e poesia,
Pois temos a capacidade de fazer da luta melodia.

Somos mulheres que resiste
Com a força do cantar,
A orientação do pensamento
Vem da força do cocar.

Inspirada em uma mulher Indígena
Uma mulher entendedora,
Que direito é aquilo que se arranca
Quando não se tem mais escolha.

É na força da pintura presente no pigmento
Urucum tempera a comida
E nós mulheres temperamos
O movimento.

Resistiremos até a última indígena
Não deixaremos colonizar nossos corpos e nossas mentes,
E não adianta tentar nos enterrar
Porque somos mulheres sementes.

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Power
Colours
Memories
. … Identity
Fighting

“Who are we?
We are women who make melody out of our fight.
We are the ones who recapture our stolen land, the ones who insist on celebrating without forgetting that we remain at war”

Let us stay together and reverberate, in one single cry,
Our territory is our womb,
Our body, our mind.

The land is our mother,
She is our identity and our culture
For one who has territory,
always has a place to return,
take refuge and heal.

We are colourful women,
a rainbow of colours,
We fight against violence
To keep our values.

The values we hold
come from ancestral wisdom,
We have our debates
respecting our customs.

We are women who study,
Our fight is political,
As our leaders would say,
“Power to the people”!

We are indigenous women,
We are in the South and Southeast,
And we have those that threaten us
Coming from North and Northeast.

Indigenous and black women,
Women of legacy,
Whose struggle is fueled
with the power of ancestry.

We are women from the cerrado, from the Amazon,
from the veredas, caatinga and swamps,
Peasant women, fishing with our hands.

Midwives, healers, women who are politicised,
Yes, we struggle, we are not modest housewives.

We often find ourselves far from home,
But we always have one foot in our village soil,
Even though so far we roam.

They tried to wipe off the paintings from our faces,
Our lands they gave us no more,
We are indolent and helpless, they swore

But we don’t lose heart, that’s when we get stronger,
More than 1500 years have passed
And we continue to resist,
They try to paint Brazil grey,
But with colours we insist.

Because colourful skins and spirits never fade,
As our lived stories they cannot erase.

In these dark times,
We need to feed poetry and art,
As we make melody out of our fight.

We are women of resistance
With the power of our chants,
And our thoughts are guided
by the strength of our adornments.

We find Inspiration from the indigenous women,
women with the wisdom, the power to rise
Who know that fighting for rights
is the alternative to demise.

The force is present in our dye,
The Urucum flavours our food,
And we flavour the revolution with our cry.

We will resist until the last indigenous woman,
In colonizing our bodies and minds they will not succeed,
And it doesn’t matter if they bury us,
Because we are like seeds.

“And it doesn’t matter if they bury us,
Because we are like seeds.”

About Célia Xakriabá

Célia Xakriabá is an indigenous educator and activist of the Xakriabá people of Brazil. Since 2017, Xakriabá has spoken at various conferences and debates at universities in Brazil promoting, among other things, advancement of the status and rights of indigenous women, indigenous land rights, indigenous education, and encouraging the revitalization of native languages in Brazil.

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